List of people who ought to be killed
George Carlin tinha um segmento de stand-up comedy designado
List of people who ought to be killed. Tratando-se de um humorista, ele não estava realmente a referir-se a pessoas singulares patologicamente perturbadas que atentam com má-fé contra a humanidade, mas antes a pessoas que incomodavam os escaninhos mais profundos do seu ser, de uma maneira
muito particular. De resto, George Carlin tinha um estilo de fazer humor/sátira que transparecia que sofria muito dos nervos e que pouco era necessário para o apoquentar. Queixar-se, ele até diz no início do segmento supracitado, era o seu
leitmotiv. Eu não sofro assim tanto dos nervos quanto isso mas também eu tenho os meus escaninhos sensíveis, como aliás qualquer ser humano minimamente complexo que se preze, que dão de si perante certas imagens/atitudes/comportamentos alheios. Creio que todos nós teríamos uma generosa contribuição a fazer a esta lista de pessoas que devem morrer, não?
Pois que cá fica a minha contribuição, pequenina por enquanto porque neste momento é só destas munições que disponho para espingardar:
• Raparigas com mais de 20 anos que ainda teimam em posar para fotos com a boca contorcida em forma de bico de pato. Não é bonito, glamoroso, natural. É só patético. Esta mania devia ter ficado enterrada no tempo do básico/secundário, juntamente com as canetas com plumas, a síndrome do Peter Pan e o hábito pitalhudo de passar os intervalos de braço dado com as
migas4ever.
• Auto-proclamados
instagrammers de comida, fitness, lifestyle e não sei quê que não se esforçam por tirar fotos minimamente decentes. Um pedaço de papas de aveia num background preto, que mais parece o estofo de um assento de carro? A sério? Já para não falar de fotos mal iluminadas, e algumas EXACTAMENTE IGUAIS em dias consecutivos... E possuir alguma sensibilidade artística antes de criar um instagram, não? Sei lá, estou a falar aqui de uma sensibilidade mínima, aquela que deverá ter nascido connosco. Parece que não se dão ao trabalho e isso irrita-me enquanto potencial seguidor, e considero uma ofensa para os mais de 1000 (embora creio que muitos serão seguidores-fantasma).
• Pessoas que deixam cair o primeiro nome de personalidades, num à-vontade imerecido. Bob Dylan passa a ser só Dylan, porquê? Pessoas famosas também têm direito ao primeiro nome, é só isto que tenho a dizer.
• Malta que embirra com o feminismo apenas porque há pessoas que usam este conceito para cometer actos ou dizer coisas que encaixam noutra categoria totalmente diferente, que pode ir de um simples desatino a uma estupidez tremenda, mas que não podem, em circunstância alguma, ser apelidados de actos feministas. Se eu usar o meu direito constitucional à liberdade de expressão para chegar à frente de um desconhecido e enfiar-lhe um pirete pelo nariz acima, só porque sim, o que será que deve ser repensado: o
meu acto ou a definição de liberdade de expressão?
• «...
and here's some parents who oughta be beaten with heavy clubs and left bleeding into the moonlight»: pais que decidem ter filhos (hoje em dia) porque
1) os 30 já estão aí;
2) o principal papel da mulher é, afinal, procriar;
3) o ambiente lá em casa estava a precisar de uma dinâmica diferente;
4) é a ordem natural das coisas: formei-me, casei, arranjei casa, agora o próximo passo será ter um filho. Juro que conheço quem tenha tido filhos por um ou mais destes motivos. Nunca, mas mesmo nunca, eu ouvi alguém dizer que quer ter um filho porque quer trazer um ser vivo a este mundo e educá-lo, moldá-lo de forma consciente, aproveitar todas as ocasiões para lhe transmitir valores, princípios, formas de agir, mecanismos de superação. Estimulá-lo para ser um bom ser humano, no fundo, de acordo com a sua visão do mundo. Acho que este pensamento eventualmente passa pela cabeça dos pais, mas como mera contingência, não como papel essencial supostamente inerente ao título de pai/mãe. E depois é vê-los entregues ao deus-dará; a, com 7 e 8 anos, não respeitarem o tempo e o espaço dos outros, a não dizerem os
obrigadas e
se-faz-favores, a exigirem, a não comerem em casa alheia, porque os pais não despenderam 5 minutos para intervir nas situações que pediam uma lição de educação (à parte, baixinho), a explicarem que aquilo está errado, por que é que está errado e quais as consequências de acções assim erradas.
E pronto, já dei um bocadinho de tempo de antena ao frenético queixoso que há em mim. Esta lista será um work in progress, isto se eu me lembrar de vir actualizar se deparar com mais «...people who ought to be smashed across the face repeatedly with a piece of heavy mining equipment.»