01 novembro, 2016

O dia em que surripiei uma garrafa de água Luso júnior*


Então, as laranjas precisavam de ser ensacadas e para tal ofício eu precisava momentaneamente de fazer desaparecer a garrafa de água que me ocupava a mão e vai de surripiá-la para dentro da mala (descartei a necessidade de um cesto quando entrei no supermercado; aliás, ele descartou, o mocinho que me arrebita os humores). Corredores foram percorridos e uma mesa rolante da caixa de saída deslizou sem tremores com os outros itens que iriam ser formalmente registados. E a água na mala. Uma garrafa de água violada na minha mala, ainda por cima à espera que eu escrevesse o meu nome nela. Foi só mais tarde, à espera do pedido no Vitaminas, que o sujeito que me acompanhava e torna os meus dias mais criminosos me pergunta pela garrafa, «que é que aconteceu à água?», pergunta-me ele num tom gozão de acusação, quando o bichinho que eu tinha na garganta precisava de ser aliviado com dois goles daquela. É num lento e dramático abrir de boca, daqueles abrires que sugam até as mãos e com direito a um breve arquejo, que lhe revelo «o que aconteceu? o que aconteceu foi que não a paguei!». E então lá fomos... comer as nossas sandes saudáveis com sumos adelgaçantes, enquanto 33cl de água continuariam na minha mala, por pagar e reclamando o meu nome.

*ou O dia em que meti água.

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